A votação estava marcada para ontem, mas a extensa discussão gerada pelo controverso texto legislativo forçou o adiamento da votação para quinta-feira, quando mais de trinta deputados também participarão para basear suas posições.
Embora o projeto de lei já tenha sido aprovado no Senado por maioria, ainda suscita um forte confronto entre os bancos oficiais e da oposição.
O texto legislativo tipifica as penas pelo crime de saques, até então inexistentes no código penal chileno, mas também inclui condenações para aqueles que barricam ou dificultam o tráfego de alguma forma e são considerados por seus detratores como um instrumento para reforçar a repressão.
O deputado independente René Saffirio, primeiro a apresentar sua avaliação da iniciativa na Câmara, considerou que ela apenas busca criminalizar o movimento social e disse que votará contra.
Dos partidos do Chile Vamos, a coalizão governamental, a posição é diferente e, nesse sentido, a deputada Paulina Núñez, da Renovação Nacional, considerou o projeto bom, embora admitisse que há uma linha muito tênue entre rejeição e aprovação.
Os analistas acreditam que hoje a proposta poderia ser rejeitada (a votação será por maioria simples) e profundamente corrigida em uma comissão mista, como os parlamentares do Oposto Frente Amplio, que a aprovaram há algumas semanas, se autocrítica e agora garantiram que votarão contra.
Segundo o deputado da Revolução Democrática, Jorge Brito, o texto aprovado pelo Senado recebeu modificações que só pioram o original, pois levanta sentenças de prisão para os que protestam nas ruas, mas nada diz sobre aqueles que cometeram atos graves de corrupção que Eles mudaram o país.
Na mesma direção, o deputado Diego Ibáñez, da Convergência Social, considerou que a legislação não vai além de ser uma estratégia de comunicação, pois gera crimes que já são tipificados na legislação atual e afeta o direito a protestos sociais que exigem mudanças profundas no país.
Acrescentou que o governo procura silenciar a mobilização popular, mas não modifica as causas que a promoveram e que mantêm as profundas desigualdades no país, e disse que o governo está errado ao considerar a crise atual como um problema de ordem pública e não como consequência da desigualdade social.
A bancada do Partido Comunista também disse que todos os seus deputados votarão contra a iniciativa, como fizeram na sessão anterior, porque procura criminalizar o protesto sem oferecer soluções efetivas para as múltiplas demandas da população.
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