A promotora Maribel Caballero disse ao jornal La Estrela dePanamá que se dedicam a recuperar os cadáveres para cumprir com a solicitação feita pelo Segundo Tribunal de Justiça, que abriu 14 expedientes para identificação de restos humanos, a pedido de famílias e da Comissão 20 de Dezembro de 1989, que investiga o ocorrido.
Caballero informou que desde segunda-feira passada retomaram as escavações no cemitério Jardim de Paz da capital, iniciadas em janeiro, que deverão se estender mais 45 dias para recuperar as ossadas a serem analisadas com o objetivo de determinar se se tratam dos familiares daqueles que solicitaram a investigação.
A Promotoria deteve temporariamente os trabalhos em 20 de março, devido ao adiamento dos termos judiciais ditados pela Corte Suprema de Justiça e a suspensão dos trabalhos no Órgão Judicial, por medidas de prevenção contra a pandemia de Covid-19.
Até março encontraram em uma fossa comum 70 restos de supostas vítimas da operação militar, dos quais cerca de 16 foram levados aos Morgue Judicial, onde especialistas tomarão amostras para análise de DNA e poder documentar a quem pertencem.
A história da invasão cruel é um enigma, porque o exército agressor se negou a oferecer qualquer documentação que permita esclarecer o ocorrido e também o quê aconteceu com um número indeterminado de civis e militares mortos e desaparecidos durante a ação, enquanto só contam com depoimentos de testemunhas e seus episódios.
Entre as múltiplas versões, umas das mais repetidas é a criação de fossas comuns, uma delas com documentação fotográfica, enquanto outros depoimentos fazem referência a enterros fora dos cemitérios, cadáveres incinerados e outros lançados ao mar.
Em 2016, o governo panamenho criou a Comissão 20 de Dezembro para «contribuir com o esclarecimento da verdade e o pleno conhecimento do número e identidade das vítimas, bem como as violações do direito internacional humanitário e dos direitos humanos» ocorridas durante a ocupação estadunidense.
A falta de informação veraz impede conhecer os dados precisos das vítimas, e enquanto o Centro de Estudos Estratégicos do Panamá apresentou uma lista de 317 nomes, o Jardim de Paz só tem identificados 91 e a Comissão, 250 falecidos por esse motivo.
Por sua vez, a resolução 44/240 de 29 de dezembro de 1989 da Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu 329 mortos na ação militar, o que considerou uma «violação flagrante do direito internacional e da independência, soberania e integridade dos Estados».
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