Paris, 6 fev (Prensa Latina) Os protestos contra a reforma do sistema público de previdência voltam hoje às ruas da França, com greves convocadas pela plataforma intersindical que reúne cinco das maiores organizações sindicais do país.
Dias atrás, os deputados da Assembléia Nacional abriram outra frente de luta contra o controverso projeto governamental, com milhares de emendas ao texto da lei e propostas alternativas. No entanto, os trabalhadores continuam a mobilização que começou em 5 de dezembro com a paralisação que será a nona jornada de greve geral desde então. A convocatória nacional contempla manifestações em dezenas de cidades, ainda que haja uma expectativa de menor participação do transporte público, já que os trabalhadores desse setor mantiveram durante 47 dias greves em massa que afetaram em grande parte a mobilidade nas grandes cidades.
No entanto, outros coletivos profissionais assumiram a batuta nos últimos dias na liderança dos protestos contra a reforma, como é o caso dos advogados que chegaram à quarta semana de greve e que amanhã sexta-feira decidirão em assembléia a continuidade de seu protesto.
No setor marítimo, os portos e cais onde a Confederação Geral do Trabalho (CGT) é majoritária aprovaram continuar em greve, na chamada operação «portos mortos», que há semanas bloqueia a navegação a alguns dos diques mais importantes.
Os empregados do setor energético permanecem mobilizados, bem como os das plantas de tratamento de lixo, os de tratamento de esgoto e os controladores do tráfico aéreo, entre outros.
A mobilização continua contando com um apoio majoritário da população e, como lembra a CGT, «milhões de cidadãos em todo o país têm saído às ruas para dizer não a esta reforma da previdência que o governo quer nos impor às custas de qualquer forma de democracia».
Por sua vez, o porta-voz do sindicato Solidários, Éric Bleynel, disse hoje que, apesar do debate intenso levado a cabo pelos deputados opositores na Assembléia Nacional, para os trabalhadores «nada mudou, a cada dia que passa se fortalece nossa convicção», já que «não pode ser melhorado um projeto desta natureza», afirmou.
Na mesma linha, manifestou-se o secretário geral da Força Operária, Yves Veyrier, que qualificou o projeto de lei como um «erro que não convence ninguém, (e que) inclusive os economistas que tinham revelado esta ideia a Emmanuel Macron questionam seriamente o texto».
Reconheceu que à medida que passa o tempo «é mais difícil se mobilizar», mas garantiu que «a determinação dos opositores à reforma continua aí».
Depois de mais de dois meses de disputa, uma maioria sindical e social continua mantendo sua firme oposição à reforma e pedindo a retirada total do texto do governo.
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